quinta-feira, 14 de junho de 2007

REPORTAGENS RECENTES DA FOLHA DE LONDRINA (PARTE 02)

O Widson Schwartz, continuou procurando e hoje, dia 13 de Junho de 2007 (dia de Santo Antonio - padroeiro também das causas impossiveis) continuou com o trabalho da semana passada publicou na FOLHA DE LONDRINA mais um texto, considero-o de relevância histórica, sobre a Revolução de 1930 e o "Combate de Quatiguá". Reproduzo aqui a reportagem:
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QUATIGUÁ NO DIÁRIO DA REVOLUÇÃO
Widson Schwartz
FOLHA DE LONDRINA
13 de Junho de 2007

Quatiguá - A história da Revolução de 30 em Quatiguá (a 62 km de Jacarezinho, Norte Pioneiro) é escrita também pela comunidade, tendo sido tema de pesquisa dos alunos da professora de Estudos Sociais Mary Helen Godoy, na Escola de 1º Grau Pedro Gonçalves Lopes, em 1982. Há depoimentos de contemporâneos, jornais, a reprodução de um livro, o memorial em praça pública. Pode-se acrescentar o diário de Getúlio Vargas (*) e o jornal A Revolução - Órgão da Coluna do 1.º B. C. - Vitória ou Morte, n.º 1, editado em Jacarezinho (21.10.30), em que os vencedores relatam o ''Combate de Quatiguá''. Apenas dois tenentes feridos e cinco soldados mortos no lado revolucionário, ''deixando o inimigo mais de 100 homens mortos''. E os prisioneiros, 158.
A reportagem da FOLHA percorreu algumas cidades do Norte Pioneiro para contar histórias da Revolução. Na semana passada, foi publicada matéria sobre um fundo de vale em Joaquim Távora, que esconde ruínas de supostas trincheiras de paulistas no confronto de 1930.
Quatiguá era apenas um distrito policial quando foi inscrito no diário de Vargas, em 19 de outubro de 1930: ''Converso com dois oficiais da Força Pública Paulista e um do Exército, prisioneiros em Catinguá (sic). Pelos informes que prestam, convenço-me dos seus efetivos pouco numerosos e o moral abatido das forças adversas, com a surpresa e eficácia do golpe''. Vargas usou grafia que designa uma árvore brasileira em vez de Quatiguá, do tupi, que se traduz por ''Água dos Quatis''.
Um ''piquete de cavalaria'' em missão de reconhecimento, comandado pelo tenente W. Remião na direção do Pinhal, ''onde constava existirem forças inimigas'', precedeu o ataque revolucionário previsto para a manhã de 13 de outubro de 1930 em Quatiguá. ''Ouvimos os primeiros tiros trocados entre nosso piquete e os elementos avançados do inimigo que já vinham em marcha de aproximação para nos atacar.'' Eis a síntese dos parágrafos iniciais do artigo na quarta página de A Revolução, redigido pelo tenente José Ribeiro.
Os legalistas atacaram de frente e pelos flancos, daí o ''tiroteio renhido até à entrada da noite, quando foi amainando, amainando''. Antes do amanhecer os revolucionários contra-atacaram, comandados pelo capitão Klumb, major Alcides Araújo e capitão Amaro. ''Nossas tropas atiravam e em seguida, com vivas e gritos, avançavam. Após quatro horas de tiroteio o inimigo ficou completamente desorganizado, saindo em debandada louca.''
A população retirou-se do patrimônio ao perceber os revolucionários e dos cinco comerciantes apenas dois permaneceram. Um dos abrigos foi a fazenda de Pedro Gonçalves Lopes. ''Desceu aquele povaréu e ele zelou do povo. Foi homem muito falado, o ginásio tem o nome dele'', diz Alcides Gonçalves, de 87 anos, filho de Pedro.
Estudantes anotaram depoimentos de José Horácio Bueno e Isidoro Mocelim, revelando que gaúchos ameaçaram matar Pedro e ''chegaram a fazer sepultura para enterrá-lo''. Ele fora acusado de ser ''legalista''.
Estima-se que dois mil revolucionários passaram por Quatiguá, força superior ao contingente de paulistas, cuja rendição foi assinada no dia 25 de outubro em Sengés, pelo coronel Pais de Andrade e o major Januário Rocco.
Há o memorial na Praça Expedicionário Eurides do Nascimento, ''homenagem do povo aos heróis tombados em 1930''. Dos seis mortos sepultados sob o marco, cinco eram paulistas, conforme o depoimento de Mocelim.

(*) ''Getúlio Vargas - Diário, volume I (1930-1936)'', apresentação de Celina Vargas do Amaral Peixoto - Siciliano e Fundação GetúlioVargas Editora, 1 edição -1995.

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E SE APOSSARAM DE JACAREZINHO

Vitoriosa em Quatiguá, a revolução tomou posse de Jacarezinho, a principal cidade da região, ali designando o médico Gustavo Lessa ''governador provisório do município'' e o major Guiomar de Assis Moreira, delegado de polícia. ''Dada à retidão de caráter das ilustres novas autoridades, temos certeza que o povo de Jacarezinho jamais viu tão bem garantidos os seus direitos'', proclama o comandante do 1º Batalhão de Caçadores, major Alcides Araújo, em A Revolução.
O redator do jornal é o tenente José Ribeiro e o diretor, o próprio Lessa, que havia cessado em março outra publicação, O Jacarezinho, com um editorial conclamando ''às armas'', para ''arrancar nossa querida pátria das garras de políticos egoístas, autoridades despóticas e governos gatunos''.
Governador, seu primeiro ato é homenagear os oficiais do 1.º B. C., ''as primeiras forças revolucionárias que aqui bivaquearam'', mandando acrescentar os seus nomes aos das principais vias públicas, major Alcides na Rua Paraná. E ''o povo, numa justa homenagem, deu à E.F. Ramal Paranapanema o nome de general Flores da Cunha''. Iniciativa do major Guiomar Moreira, ''muito bem aceita e aprovada pelo Comando das Forças'', mudou para Oswaldo Aranha o nome da estação Guimarães Carneiro. (W.S.)

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