quarta-feira, 4 de julho de 2007

Os engenhos de erva-mate e a iniciação do processo de industrialização do Paraná

[Continuação do texto anterior - 2 de 3]


A Carta Régia de 1722, conforme Santos (2001) determinava que fosse permitido aos habitantes do sul do Brasil que estabelecessem relações comerciais com a Colônia do Sacramento (Uruguai) e consequentemente Buenos Aires. Outros produtos também poderiam ser exportados pelo Porto de Paranaguá. Na pratica isso representava o fim do monopólio comercial português na região e do exclusivo colonial.
A independência das colônias espanholas da região do Rio da Prata, a abertura dos portos brasileiros em 1808 e a assinatura do “Alvará de 1º de Abril de 1808”, permitindo a abertura de manufaturas e a atividade industrial no Brasil daria impulso às melhorias nas atividades relacionadas à erva-mate. A economia paranaense sofreria profundas mudanças e passaria a se dedicar à exportação.
A exportação de erva-mate se tornou possível e economicamente viável graças ao surgimento de inúmeros moinhos que funcionavam no litoral e também no planalto de Curitiba. O primeiro desses engenhos foi montado pelo espanhol Francisco Alzagarray, que chegou a Paranaguá em 1820, conforme exposto por Wachowicz (1988). Vários outros espanhóis seguiram seu exemplo e se instalaram na região.
Movidos inicialmente por rodas d’água, os engenhos atuavam como moinhos, refinando a erva-mate inicialmente preparada nos ervais. Neles era empregada mão-de-obra escrava e também livre e assalariada. Os escravos eram utilizados principalmente nos engenhos de soque da erva, de acordo com Santos (1995). Porém conforme os engenhos forma sendo mecanizados e dotados de maior aparato tecnológico, os motores a vapor são exemplos disso, a mão-de-obra cativa foi gradativamente diminuída. Para o trabalho no engenho exigia-se uma qualificação e habilidades cada vez mais especiais, bem como uma motivação que a escravidão não proporcionava. Essa mudança foi possível com o aumento da imigração européia percebida no Estado a partir da segunda metade do século XIX. Destaque-se que o uso do motor a vapor livrou os engenhos da necessidade de busca de fontes d’água com capacidade hidráulica para fazê-los funcionar.



“(...) num engenho de mate empregava-se mão-de-obra livre e escrava (...) quase tudo obedecia ao trabalho manual e eram pagas aos trabalhadores livres, diárias a partir de 2$000, sendo que um maquinista não ganhava mais de 100$000 por mês. De maneira geral, o engenho a vapor socava 40 cestos de erva por dia, ao passo que o movido à água ia pouco além de 30”. (SANTOS, 2001, p.51)

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