domingo, 27 de julho de 2008

Puxando o Norte Para o Nosso Coração

Escrevi este artigo há algum tempo, em 13 de Abril de 2005, mas seu conteudo é bastante atual. Mais um que enviei a Folha de Londrina e acabou não sendo publicado, devia ter coisa melhor na frente! Bem vamos ao texto:
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Puxando o Norte para o nosso coração! Duplicação Já!
Prof. Ms. Roberto Bondarik
bondarik@utfpr.edu.br

Puxando o Norte para o nosso coração”, este era o objetivo de Manoel Ribas ao mandar construir a Estrada do Cerne, ligando o Norte do Paraná a Curitiba. Passando por Pirai do Sul e chegando até Jataizinho, a estrada tinha por objetivo puxar para o coração do Paraná aquelas que eram consideradas as mais férteis do mundo, o Norte do Paraná, procurando afastar a influência de São Paulo. E assim o fez.

Alem da fertilidade das terras, percebemos ainda o grande potencial de crescimento econômico que Norte do Paraná. Contatamos ainda aquilo que ele não possui e atrasa seu desenvolvimento. Um desenvolvimento e crescimento que depende cada vez mais de boas e seguras estradas. Independente de aumentarmos a discussão sobre a natureza da gestão das estradas, devemos ponderar que nossas rodovias nos afastam do coração do Paraná, nos afastam de uma integração maior e de melhores oportunidades de negócios.

Temos diferenças históricas e culturais com outras regiões do Paraná, diferenças que não nos afastam. Aquilo que realmente nos afasta do coração do Paraná é a constatação de que em uma economia que se fez dependente de caminhões, de ônibus e de automóveis, ainda não exista uma rodovia corretamente duplicada ligando Londrina e Maringá até Ponta Grossa. Que igualmente não existam rodovias adequadas ligando Jacarezinho, Santo Antonio da Platina, Ibaiti e Wenceslau Braz ao coração do Paraná. Até Cascavel e Guarapuava estão isoladas.

O Norte do Paraná foi construído com o trabalho arduo de pessoas que conseguiram transformar esta região em um celeiro de oportunidades. Não desejo cobrar apenas da classe política, que sozinha, não terá nunca condições para trazer o progresso. É chegada a hora da sociedade, organizada, conduzir ações para o nosso desenvolvimento. A sociedade somos nós, escolas, faculdades, universidades, organizações não governamentais, Cooperativas, Igrejas, Clubes de Serviço, Sindicatos, Associações Comerciais e Industriais, Sociedades Rurais, Lojas Maçônicas, etc, onde tenha alguém com o pé-vermelho. Precisamos de pessoas com a visão de negócios necessária para iniciar uma campanha para duplicação de nossas estradas, queremos estar juntos ao coração do Paraná, como paranaenses que somos esse é um sentimento enobrecedor, com dignidade para progredir. Se nos derem o mínimo, corremos atrás do máximo, alcançamos e venceremos como sempre. Com justiça e perfeição. Duplicação Já! Na Rodovia do Café, no Cerne e na PR-092.




sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Dia da Industria

Este texto foi enviado para publicação em jornal, porém não o acharam adequado ou sei lá o que acharam pois o ignoraram. Mesmo assim toco em assuntos relacionados a industria brasileira e paranaense em especial, com certeza pode servir a alguem.
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25 de Maio - Dia da Industria e A Industria no Paraná

(Por Roberto Bondarik)
Neste dia da Industria (Decreto Nº 43.769 de 21 de Maio de 1958), cabe-nos lembrar que a sociedade brasileira é urbana e industrial, significando isto que boa parte de sua riqueza é gerada pela industria (35% do PIB) e que a maioria da população vive nas cidades e não mais no campo. A industria torna-se assim a mais viável opção para a geração de empregos e também uma promessa predileta momentos de crise e eleições pelo Brasil afora.
Iniciada na Grã-Bretanha em meados do séc. XVIII (Primeira Revolução Industrial), as origens da indústria estão ligadas ao desenvolvimento e utilização de máquinas que substituíam a força e a habilidade humanas e à necessidade de produzir cada vez mais e com menos custos. No Brasil o primeiro industria moderna foi o Estaleiro de Ponta da Areia pertencente ao Visconde de Mauá, em Niterói-RJ. Irineu Evangelista de Sousa foi o primeiro industrial e capitalista brasileiro.
No Paraná falamos em industria principalmente após a abertura da Estrada da Graciosa e da construção da Ferrovia Curitiba-Paranaguá (metade final do séc. XIX), quando ocorre uma melhoria na produção de erva-mate. Surgem inúmeros engenhos para beneficiamento da erva tanto no Planalto em Curitiba como no litoral, representando nossa primeira experiência industrial. Houve a exploração de madeira (araucárias), seu beneficiamento e exportação. Surgem empresas voltadas à utilização da madeira em diversas cidades.
A cafeicultura, praticada no Norte do Paraná a partir de 1860, comportou inúmeras atividades suplementares industriais, ligadas a seu beneficiamento, transporte e embalagem. Na década de 1920 a fazenda de Antonio Barbosa Ferraz, em Cambará, era considerada o maior estabelecimento industrial do Estado. Havia ali maquinas de beneficiamento, oficinas e outras atividades correlatas.
Com a decadência do café, na década de 1970, soja e trigo ocupam o seu lugar mudando o perfil da agricultura do Estado. Decorrentes da nova atividade agrícola surgem industria de transformação desses produtos, ligadas em sua maioria à cooperativas agrícolas, como em Campo Mourão, Maringá, Carambei e Rolandia. Industrializar a produção agrícola demonstra ser um caminho para agregar maior valor e renda ao campo e gerar empregos nas cidades.
Em 1972 foi oficializada a Cidade Industrial de Curitiba, uma ampla parte da Capital do Estado foi reservada para a implantação e ampliação de indústrias. Terrenos com infraestrutura e urbanizados eram vendidos com subsídios aos interessados. É realizada a construção da Refinaria de Araucária e a instalação de empresas como a Volvo.
Na década de 1990, assistimos a instalação de montadoras de automóveis em Curitiba e região. Isso decorreu de uma conjuntura internacional favorável, do afastamento do Estado de setores da economia (privatizações) e sobremaneira da existência de vantagens fiscais, tributarias e de financiamentos oficiais decorrentes do regime automotivo. Pode-se afirmar que ocorreu pelo menos uma mudança no perfil econômico do Estado do Paraná ao longo de todo esse tempo. Lembramos que a industria para germinar e dar bons frutos depende da boa vontade de todos, muito trabalho, investimentos e maior e melhor educação e qualificação profissional da população.

Geada Negra de 1975 - Erradicação da Cafeicultura Paranaense

Outro texto que publiquei na FOLHA DE LONDRINA em 2005. Ele versa sobre a "Geada Negra de 1975", responsavel pela erradicação total da cafeicultura paranaense naquele ano e com conseqüências profundas nos campos social, politico e econômico do Norte do Paraná ainda hoje.
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A Geada Negra de 1975
(Por Roberto Bondarik)

No domingo (19/06), a Folha de Londrina relembrou um o mais traumatizante evento de nossa história. Em 18 de Julho de 1975, há trinta anos, ocorria a Geada Negra, que erradicou a cafeicultura no Estado do Paraná. Naquela ocasião muitos não tiveram discernimento da amplitude dos problemas causados e das conseqüências que seriam geradas por esta geada, talvez ainda hoje muitos ainda não tenham essa compreensão.


Revistas e jornais daqueles dias mostram o frio europeu que atingiu o sul do Brasil. Em Curitiba ainda se relembra e comemora a neve daquela ocasião. No norte, onde o café era a principal atividade econômica, o frio intenso assumiu ares de tragédia, não sobrou espaço lembranças alegres. Haviam ocorrido geadas fortes em 1963, 1964 e 1966, prenúncios da maior de todas. No dia seguinte, a Folha afirmava que os cafeicultores estavam de luto, mas os órfãos, a história mostra isso, eram a população do Norte, em especial os colonos, os pequenos proprietários, os comerciantes, as cidades, todos aqueles que se relacionavam direta ou indiretamente com a cafeicultura. Foram todos atingidos em seu modo e no seu estilo de vida, tivemos de reaprender a viver.


Com as lavouras destruídas era preciso recuperar os prejuízos. As terras eram caras, precisavam continuar lucrativas, plantou-se soja, trigo e milho, principalmente. A mão-de-obra necessária era a mínima possível para as novas atividades. As colônias das fazendas começaram a se desfazer, os não proprietários passaram a se fixar nas cidades da região, muitos viraram bóias-frias. Londrina era sempre a melhor opção, surgiram bairros imensos, grandes conjuntos habitacionais como o “Cincão”. Outros foram para Curitiba e São Paulo. Próximo a Campinas, existem bairros inteiros habitados por gente que se orgulha e chora de saudade, por ser do Paraná. Para aqueles que já eram proprietários, optaram em vender o que possuíam e comprar novas terras em regiões livres do frio, assim hordas de paranaenses rumaram a Mato Grosso, Rondônia e Acre. Rapidamente Rondônia virou um Estado. Mato Grosso virou dois, no do norte estão muitos dos nossos antigos vizinhos.


Dizem que foi o maior fluxo migratório em tempos de paz, o êxodo rural norte-paranaense retirou do Estado quase 2,5 milhões de pessoas na década de setenta e 1,6 milhão na década de 1980, segundo dados do IBGE. Não é surpresa, cidades da região perderem lugar no ranking das mais populosas da região Sul.


Talvez tenha sido a Geada Negra de 1975, o maior golpe da história na economia e na sociedade do Paraná, um acontecimento que precisa ser estudado, explicadas as suas conseqüências. Buscamos, tateando, ainda hoje uma nova identidade econômica. Pessoalmente acredito que a solução de nossa economia e a construção de nossa riqueza se encontra na terra, em novas culturas e atividades, com a industrialização derivando, também, dessas atividades.



quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sessenta Anos do Fim da Segunda Guerra Mundial

Publiquei esse texto no Jornal Folha de Londrina no 60º aniversario do fim da Segunda Guerra Mundial, em 2005. Como não irei publicar mais por uns tempos textos sobre a Revolução de 1930, até que possa terminar o livro preciso manter esse blog ativo. Como ficou um texto gostoso acho que vale a pena publicar novamente.
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Os Sessenta Anos do Dia da Vitória na Europa

Há sessenta anos, em 08 de Maio de 1945, oficialmente quando a Alemanha Nazista se rendia de maneira incondicional. Iniciada em 01 de Setembro de 1939, quando os nazistas invadiram a Polônia, a Segunda Guerra Mundial moldou o mundo como o conhecemos hoje.

Após seis anos de conflitos cerca de 60 milhões de pessoas perderam a vida, dentre os quais seis milhões de judeus nos campos de extermínios (um milhão e meio de crianças). O Holocausto dos judeus sempre permanecerá como a lembrança mais terrível deste conflito, dizem que sua lembrança poderá nunca ser apagada, pois ocorreu não nos grotões esquecidos e primitivos do mundo atrasado, mas sim na civilizada e requintada Alemanha.

O nazismo com a sua ameaça de destruição reuniu do mesmo lado os “liberais capitalistas” norte-americanos, os “imperialistas” ingleses e os “comunistas” soviéticos, estavam lado a lado, apesar de se repelirem mutuamente. Os Aliados representam a melhor prova daquilo que o ser humano é capaz quando se sente ameaçado em sua existência. Forjada da necessidade e do desespero surgiu a Vitória na Europa, e dela o mundo que viveu a Guerra Fria, que apesar das crises, assistiu a uma convivência entre Estados Unidos da América de um lado, e União das Republicas Socialistas de outro, conduzindo seus aliados.

Parece repugnante a idéia de que progressos foram obtidos com a Guerra, porem, os alicerces do mundo contemporâneo surgiram desse conflito. As idéias de ajuda humanitária entre as nações, o auxilio econômico internacional, os Fóruns Globais para discussão entre as nações dos mais diversos temas (da educação a condição feminina), a idéia de economia internacional e mercado global e o principal, a criação de tribunais internacionais para punir crimes de guerra.

Muitos avanços tecnológicos também puderam ser obtidos Destacamos: o Radar que hoje auxilia na aviação civil; a Penicilina, produzida em serie na guerra; o avião a jato, desenvolvido pelos alemães; a energia nuclear; o helicóptero; o computador, sem qual hoje nossa realidade seria no mínimo diferente e; o foguete. O Brasil conseguiu a construção e a tecnologia para a produção de aço necessária para operar a Usina Siderúrgica Nacional de Volta Redonda-RJ (CSN).

O ser humano é capaz de aprender, ou não, com seus erros. Hoje um conflito com as proporções da Segunda Guerra Mundial, seria bem mais difícil de acontecer, não impossível. Porém seus resultados seriam muito mais catastróficos. Esperamos que a lembrança daqueles sacrificados nos campos de batalha, nas câmaras de gás, nas águas do oceano, sirva para que possamos construir um mundo mais justo e mais perfeito.