quarta-feira, 23 de junho de 2010

A EFETIVAÇÃO DA REVOLUÇÃO DE 1930

Prof.Me. Roberto Bondarik
bondarik@utfpr.edu.br
            

           Iniciada em 03 de outubro de 1930 com a tomada do Quartel General do Exercito em Porto Alegre, a Revolução tomou conta da totalidade ds unidades do Exercito no Rio Grande do Sul. Segundo McCann (2007) o Exercito teve a sua cadeia de comando desestruturada e solapada. Cerca de oitenta e dois por cento dos oficiais aderiram ao movimento no estado. Um fator importante que deve ser levado em conta é que nos quartéis do Rio Grande a maioria dos soldados e sargentos que lá serviam era da própria região. Estes homens rejeitaram a idéia de lutar entre si e a idéia de vingar o ultraje a honra gaucha ofendida com a eleição presidencial, um desejo latente. Vitoriosos no rio Grande do Sul, resistindo em Minas Gerais e avançando pelo Nordeste a partir da Paraíba, os revolucionários passaram a visar a capital da República, a cidade do Rio de Janeiro. Do Rio Grande do Sul os revolucionários partiram em direção a São Paulo. Para Bueno (2003) a Revolução de 1930 não foi uma parada militar como havia sido a Proclamação da República.
            Pela Ferrovia São Paulo – Rio Grande do Sul os revolucionários gaúchos seguiram até Porto União. As unidades militares federais do Estado do Paraná se rebelaram e derrubaram o Governo Estadual. De Ponta Grossa os revolucionários, engrossados pelas unidades paranaenses do Exercito, Policia e voluntários seguiram para as divisas de São Paulo, região onde um impasse marcado por combates se manteve até 24 de outubro de 1930.
As tropas gauchas, partindo de trem e a cavalo de Porto Alegre, não conseguiram conquistar Florianópolis (que só se renderia em 24 de outubro), mas tomaram Joinville e, a seguir, Góis Monteiro instalou o quartel-general dos rebeldes em Ponta Grossa (BUENO, 2003, p.325).

            Em Minas Gerais, devido em parte às características especiais das tropas ali estacionadas, cujos soldados em sua maioria eram de fora do Estado, os revolucionários não obtiveram  o mesmo sucesso do Rio Grande do Sul. A condição mineira preocupava as lideranças revolucionárias envolvidas na região.
O veterano tenente Osvaldo Cordeiro de Farias coordenava a atividade rebelde naquele estado, mas como era apenas primeiro-tenente, o comando era exercido pelo irmão do falecido João Pessoa, tenente-coronel Aristarcho Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Não conseguiram trazer para o seu lado nenhuma das guarnições federais (MCCANN, 2007, p.376).

            Basicamente as forças revolucionárias em Minas Gerais eram formadas pela Força Pública do Estado (Policia Militar) e principalmente por civis que haviam sido recrutados e armados por chefes políticos locais. Mesmo assim os rebeldes obtiveram muitos sucessos e conseguiram manter a Revolução pelo tempo necessário para que obtivessem a vitória do movimento. Algumas unidades do Exercito resistiram por diversos dias até que as suas forças se esvaíssem.
            No Nordeste ocorreu sucesso semelhante e segundo McCann (2007) as resistências foram vencidas em três dias. Nesta região elem do Exercito, unidades dos Tiros de Guerra, como o do Recife, aderiram à Revolução rapidamente.
            Com posições consolidadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e na maior parte do Nordeste, Getúlio Vargas sentiu-se seguro para seguir ao teatro de operações deflagrado no Paraná. Partiu de Porto Alegre em 12 de outubro e chegou a Ponta Grossa no dia 17, acontecimentos celebrados apoteoticamente pela população. Segundo Bueno (2003) neste momento a Revolução ainda não estava ganha, a barreira representada por Itararé em São Paulo e pelo Vale do Paranapanema mais ao norte na divisa deste com o Paraná precisavam ser vencidas.
            O interesse do comandante do Estado Maior Revolucionário, Góis Monteiro, dos oficiais do exercito regular que aderiram ao movimento e dos Tenentes, não era, segundo McCann (2007) destruir materialmente o Exercito brasileiro. Suas intenções eram conquistar o completo controle sobre a força terrestre nacional. Desta forma Itararé revelou-se um impasse a ser subjugado e vencido.
Itararé (SP), na fronteira com o Paraná, mais de 6 mil soldados legalistas, comandados por Pais de Andrade e com o apoio de aviões e quatro canhões, aguardavam a hora do choque contra os 8 mil rebeldes, que tinham 18 canhões. Andrade, aquartelado num penhasco à beira de um rio, recebera as ordens de “defender a cidade a todo o transe”. Previa-se um terrível combate. No dia 24, porém, ao serem informados de que Washington Luís fora deposto, no Rio, os legalistas se renderam (BUENO, 2003, p.325).

            Se a batalha tivesse ocorrido, com grandes probabilidades a Revolução seria ainda assim, vitoriosa. Porém, o custo material, humano e político seria muito mais elevados, ao ponto de, segundo Bueno (2003) de mudar os rumos da história do Brasil de forma bastante diversa do que ocorreu.

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