sábado, 15 de janeiro de 2011

Curdos no Norte do Paraná

Estou publicando novamente este texto sobre a tentativa de remoção de populações curdas do Iraque e sua fixação no Norte do Paraná na década de 1930.

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==== CURDOS NO NORTE DO PARANÁ ====

Prof.Me. Roberto Bondarik
bondarik@utfpr.edu.br
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Cornélio Procópio


                 A História do Norte do Paraná, é cheia de curiosidades, algumas até esquecidas, ou pouco lembradas. Fato interessante foi o da tentativa inglesa de fixar povos curdos aqui na região. Os mesmos curdos que até hoje lutam para se tornar independentes da Turquia e do Iraque, cujo líder acabou preso recentemente provocando protestos desse povo por toda a Europa.

Na mesma época em que o grupo inglês liderado por Lord Lovat adquiria terras no Norte do Paraná, companhias inglesas descobriam petróleo no norte do Iraque. Esse pais era à época uma possessão britânica, e a região em questão habitada pelos curdos que eram um povo belicoso, guerreiro e inquieto que não aceitavam o domínio inglês, nem a exploração estrangeira das suas terras. Portanto para explorar o petróleo, havia necessidade de remoção dos curdos para outra região.

Para resolver o problema, o Príncipe de Gales, que era um dos acionistas da Companhia de Terras Norte do Paraná, e Lord Lovat ofereceram em 1933, de forma sigilosa, suas terras no Norte do Paraná à Liga das Nações, em forma de arrendamento. Atitude que logo seria também apoiada secretamente pelo governo brasileiro, chefiado à época por Getúlio Vargas, uma vez que o Brasil esta endividado com Bancos Ingleses.

No ano seguinte, 1934, o assunto foi parar nos jornais. Uma forte campanha contraria a essa imigração foi desencadeada pela imprensa curitibana, sindicatos, associações de operários, entidades de profissionais liberais pressionavam o governo de Getúlio Vargas, para que voltasse atrás. Houveram reações de intelectuais, principalmente a Ordem dos Advogados do Paraná, e também de alguns professores da Universidade do Paraná.

Os motivos alegados ou as idéias básicas utilizadas na “Campanha contra a imigração dos assírios”, eram os mais variados iam desde ataques ao imperialismo britânico até a manifestações do mais puro racismo.

O governo brasileiro que através do Ministério das relações exteriores já havia dado seu aval para a imigração acabou por voltar atrás diante de tanta pressão. A própria Cia de Terras Norte do Paraná, desistiu do negócio, sob as alegações de que a localização daquela gente no coração de suas terras viria desvalorizar o restante da propriedade, mais de 400.000 alqueires.

                Diante da situação de extrema pressão em que se encontrava, e com a possibilidade real de uma grande desvalorização financeira de seu projeto, a Cia de Terras Norte do Paraná retornou a seus antigos objetivos, ou seja, a venda de terras:

                Quanto aos curdos, encontram-se ainda hoje sem o domínio efetivo de suas terras, divididos entre a Turquia o Iraque e a ex-União Soviética, sem poder constituir um Estado livre.

                A Companhia de Terras Norte do Paraná, passou então a vender em regime de pequenas propriedades, os 13.166 quilômetros quadrados de terras que haviam sido adquiridas de particulares, grileiros e posseiros e do próprio patrimônio do Estado do Paraná, as chamadas “Terras Devolutas”.

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