domingo, 20 de maio de 2012

FRANCISCO MOREIRA DA COSTA E SUAS LIGAÇÕES HISTÓRICAS COM O MUNICÍPIO DE CORNÉLIO PROCÓPIO

Este texto foi utilizado como referência para justificar a aprovação de uma moção de aplauso pela Câmara Municipal de Cornélio Procópio à Família Moreira pela atuação do Coronel "Chico Moreira" na colonização e constituição da cidade.

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FRANCISCO MOREIRA DA COSTA E SUAS LIGAÇÕES HISTÓRICAS COM O MUNICÍPIO DE CORNÉLIO PROCÓPIO

Prof.Me.Roberto Bondarik
bondarik@utfpr.edu.br

            Francisco Moreira da Costa nasceu em 1° de dezembro de 1877 na Fazenda da Pedra, localidade de Cristina no Estado de Minas Gerais. Foi político e empresário em Santa Rita do Sapucaí – MG, tendo sido prefeito desta cidade por mais de 20 anos (11913-1938). Era irmão de Delfim Moreira da Costa que havia sido Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil no final da década de 1910. Como empresário em 1927 fundou com o Coronel Joaquim Inácio Ribeiro e outros o Banco Santarritense, que em 1937 fez fusão com o Banco da Lavoura de Minas Gerais, sendo diretor do mesmo e mais tarde diretor-presidente do Banco Nacional de Minas Gerais. Sua filha Luzia Rennó Moreira (Sinhá Moreira) foi grande incentivadora da educação profissional e tecnológica em sua cidade.
CORONEL FRANCISCO 
MOREIRA DA COSTA
(Fonte: site da Prefeitura do
 Município de  Santa Rita 
do Sapucai - Minas Gerais)
            A aproximação de Francisco Moreira da Costa com Norte do Paraná, mais especificamente com Cornélio Procópio e Santa Mariana deu-se por meio de suas atividades empresariais. Moreira da Costa possuía uma empresa imobiliária na qual foi sócio de Antonio Paiva Júnior, era a “Colonizadora Paiva & Moreira”.
            Sabemos que a colonização da área de Cornélio Procópio tomou impulso quando o Coronel Francisco da Cunha Junqueira, genro de Cornélio Procópio, que em 1923 adquiriu parte da Gleba Laranjinha, ou seja, as terras onde seriam erigidos os núcleos urbanos atuais de Cornélio Procópio e Santa Mariana. Francisco da Cunha Junqueira além de empresário também era político, importante, diga-se de passagem.

A decisão peremptória de fundar as duas cidades foi de 1924, com a medição das terras  e inicio da formação  das três fazendas em 1926, sendo a de Santa Mariana com três famílias japonesas e muitas outras em seguida (DIAS, 2000, p. 103).

Ligado ao Partido Democrático ele chegou a ser Secretario da Agricultura do Estado de São Paulo durante o período de intervenção federal que ocorreu logo após o sucesso da Revolução de 1930. As ações de Getúlio Vargas como chefe do Governo Provisório acabaram descontentando São Paulo e os paulistas tanto do Partido Democrático como do Partido Republicano que de opositores tornaram-se aliados na luta armada contra o Governo Federal. Desta forma em nove de julho de 1932 iniciava-se a Revolução Constitucionalista que oporia São Paulo ao restante do Brasil.

Francisco da Cunha Junqueira, como paulista, participou ativamente da revolução Constitucionalista, como outros paulistas quatrocentões da família Junqueira. De modo que com a derrota de São Paulo, em 1932, ele foi exilado. Sua esposa Mariana Balbina Procópio Junqueira, cujo apelido era Anita assumiu o controle da propriedade familiar [ no Norte do Paraná], iniciou o loteamento [de Cornélio Procópio] e negociou com a Viação Férreas São Paulo – Paraná (BRASIL, 1988, p. 36).

            Devido ao distanciamento de Francisco da Cunha Junqueira, o então povoado de Cornélio Procópio crescia de forma desordenada no entorno da Estação Ferroviária do Km 125 da Ferrovia São Paulo – Paraná. Motivações políticas e econômicas levaram Francisco Junqueira a vender suas terras, inclusos os dois loteamentos urbanos.
            Francisco Moreira da Costa e Antonio Paiva Junior já desejavam comprar as terras de Junqueira desde pelo menos o ano de 19311 (DIAS, 2000). A esposa de Junqueira em cerca de dois meses acabou vendendo as terras aos dois compradores que constituíram a já citada “Colonizadora Paiva & Moreira”. A região Norte do Paraná se ligaria em definitivo a figura de Francisco da Cunha Junqueira.

A barrenta Cornélio Procópio continuou a crescer desordenadamente, até que Junqueira vendeu suas terras para Antonio Paiva Júnior e Francisco Moreira da Costa. Foi organizada a Colonizadora Paiva & Moreira, ficando com o Moreira a colonização da antiga fazenda Santa Mariana, e com Paiva Júnior a colonização de Cornélio Procópio. Foi feito outro plano de loteamento [substituindo do de Francisco Junqueira] e, a partir de 1935, José Tavares Paiva começou a vender os lotes e datas. A futura cidade começou a ter uma estrutura melhor (BRASIL, 1988, p. 71).

            A sociedade deve ter sido desfeita em 1935 quando são divididos entre os dois os lotes de Santa Mariana e de Cornélio Procópio (DIAS, 2000). De qualquer a forma a ligação de Francisco da Cunha Junqueira com o Norte do Paraná estava já selada, uma prova intensa disso é a Igreja Matriz de Santa Mariana que é cópia da que existe na cidade natal de Moreira, Santa Rita do Sapucaí.

No Paraná onde tinha adquirido muitas terras, Chico Moreira praticamente construiu a cidade de Cornélio Procópio, e na cidade de Santa Mariana fez uma réplica exata da Igreja de Santa Rita do Sapucaí. Como incentivador, nessas fazendas do Paraná, cedeu algumas glebas para seus sobrinhos, auxiliando-os na produção do café para que, através desses rendimentos, fossem aos poucos pagando ao tio o referente ao valor da terra. Sinhá Moreira acompanhava muito o pai em todas as suas viagens (FONTES, 2007, p. 25).



Igreja Matriz de Santa
 Rita do Sapucai - Minas Gerais
(Fonte: http:www.panoramio.com)
            Francisco Moreira da Costa foi ainda eternizado em Cornélio Procópio com o seu nome batizando uma das praças da cidade e também uma escola primária. Apesar de extinta essa escola, seu nome ainda é mantido na placa de bronze no hal de entrada do prédio hoje ocupado pelo Colégio Estadual “Cristo Rei” Ensino Normal, que oferece o curso de Magistério em nível médio.
            Consta que familiares de Francisco Moreira da Costa doaram a cidade de Cornélio Procópio os terrenos onde hoje se situam o Colégio Estadual “Zulmira Marchesi” e o Campus Centro da Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Igreja Matriz de Santa Mariana - Paraná
(Fonte: http://deobrazil.wordpress.com)
            Francisco Moreira da Costa, ao lado de Antonio de Paiva Júnior, constituem-se nos dois grandes responsáveis pela continuação, reorganização e efetivação dos planos de colonização de Cornélio Procópio e Santa Mariana que haviam sido iniciados por Francisco da Cunha Junqueira. Desta forma podem também, ser apontados como responsáveis pela existência dessas duas cidades cujos pioneiros acreditaram no negócio que esses dois empresários lhes ofereceram.

Referências:

BRASIL, Átila Silveira. Das origens e da Emancipação do Município [de Cornélio Procópio], s.n.t. [1988].

DIAS, Paulo Ribeiro. Cornélio Procópio: a história em prosa e verso. Londrina: Gráfica e Editora Modelo, 2000.

FONTES, Lilian. Sinhá Moreira: uma mulher à frente do seu tempo. Rio de Janeiro: Gryphus; Belo Horizonte, MG: CEMIG: Cia Brasileira de Metalurgia e Minerações, 2007.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ. Francisco Moreira da Costa. Disponível em < http://www.santaritadosapucai. mg.gov.br/prefeitos/ 384-francisco-moreira-da-costa.html > Acesso em 12 mar 2012.