No rastro das novidades que foram sendo
introduzidas no ambiente de trabalho pelo processo de globalização, o Brasil
acolhe agora uma preocupação que já vai avançada pelo mundo afora a
ética nas empresas.
O Brasil foi então atingido por este rastro imenso
de novidades e inovações, sendo que muitas das quais ainda não foram
inteiramente e completamente assimiladas. Como já foi colocado, uma destas
novidades é uma preocupação sócio-comportamental que faz parte de uma profunda
discussão que já vai bastante avançada pelo mundo. Trata-se da questão do
tratamento que vem sendo dispensado a ética dentro das empresas a chamada Ética
Empresarial, Ética Organizacional ou ainda Ética Managerial. “(...) No Brasil, registra-se uma preferência
pelo uso das expressões ética nas organizações ou organizacional e ética nos
negócios, provavelmente pela mencionada influência do idioma inglês que utiliza
[as expressões ‘business ethics’ e ‘organizational ethics’] (...)”. (ZOBOLI,
2001, p.5)
Procurar demonstrar as diversas áreas que abrangem
ou que sejam abrangidas pela ética nas organizações empresariais. Apontar e
identificar, estudar e compreender aquilo que pode então ser considerado ético
ou mesmo anti-ético, bem como as diversas aplicações da ética e sua análise na
sociedade principalmente no âmbito do trabalho e da atividade profissional e
também dentro das organizações empresariais que caracterizam nossa civilização,
apresenta-se portanto como um dos objetivos primordiais deste trabalho.
A necessidade de se determinar quais seriam os
comportamentos e atitudes que podem ser considerados ideais, necessários e
principalmente adequados para a vida e convivência em grupo, e que, desta forma
sejam, portanto, também considerados morais ou imorais, tornou-se um constante
em todas as sociedades, culturas e civilizações ao longo da história.
Os seres humanos convivem em sociedade e a
convivência nos desafia de maneira constante ao enfrentamento de situações e
que a busca de respostas para a questão - “Como agir em relação aos outros?”-
torna-se uma necessidade urgente e primordial. Questionamento este que é muito
fácil de ser levantado, mas que apresenta uma extrema dificuldade em ser
respondido. Esta busca pela resposta é, apresenta-se pois como a questão
central da Ética e da Moral.
Desde que o homem adquiriu consciência sobre a
necessidade da vida em grupo e teve o necessário discernimento sobre a
importância da convivência em sociedade, como essência do processo
civilizatório.
Os fatores considerados básicos para que existam as
condições de socialização e de sociabilidade, que se percebem desde os
primórdios da humanidade, praticamente tornaram a "Questão Ética e
Moral" preocupação constante e essencial para toda a humanidade[1].
A preocupação dos valores exigidos para a vida em
sociedade, tomaram novamente um impulso principalmente após o advento do
capitalismo na segunda metade da Idade Média[2],
quando novamente evidente ocorreu uma centralização da vida urbana[3],
tornando-se as cidades centro da vida social e econômica. Ocorreu a
intensificação do comércio e a afirmação dos novos paradigmas que
caracterizaram a modernidade, que também colocaram diante do ser humano
diversos novos questionamentos.
Os administradores de empresas, os executivos[4],
elegeram o comportamento concebido e entendido como ético como um fator
essencial para o desenvolvimento estratégico de suas organizações e
consequentemente para obtenção de competitividade e da conquista da
lucratividade:
"(...) Percebe-se que a discussão ética vem assumindo posição de centralidade nas reflexões desenvolvidas no campo do Pensamento Estratégico, quer seja pelo crescente volume de literatura dedicado ao tema quer seja pela grande preocupação das organizações e da mídia quanto a temas como assédio sexual no trabalho, discriminação por raça, gênero ou opção ideológica, relações organização-comunidade, controle de corrupção, entre outros. Nesse cenário, a figura do gerente aparece em destaque, não só porque seria um ator organizacional diretamente responsável pelas ações estratégicas definidas e implementadas pelas empresas, mas sobretudo dado à sua capacidade de imprimir ao ambiente organizacional um novo posicionamento ético. No entanto, alguns desafios se impõem ao desenvolvimento efetivo de uma reflexão e ação realmente éticas dos estrategistas organizacionais." (TEODÓSIO, 2000, p. 55-58)
"(...) Percebe-se que a discussão ética vem assumindo posição de centralidade nas reflexões desenvolvidas no campo do Pensamento Estratégico, quer seja pelo crescente volume de literatura dedicado ao tema quer seja pela grande preocupação das organizações e da mídia quanto a temas como assédio sexual no trabalho, discriminação por raça, gênero ou opção ideológica, relações organização-comunidade, controle de corrupção, entre outros. Nesse cenário, a figura do gerente aparece em destaque, não só porque seria um ator organizacional diretamente responsável pelas ações estratégicas definidas e implementadas pelas empresas, mas sobretudo dado à sua capacidade de imprimir ao ambiente organizacional um novo posicionamento ético. No entanto, alguns desafios se impõem ao desenvolvimento efetivo de uma reflexão e ação realmente éticas dos estrategistas organizacionais." (TEODÓSIO, 2000, p. 55-58)
Como uma das organizações não governamentais, mantida
por empresas e empresários, interessadas na difusão de um comportamento ético,
podemos destacar a atuação do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social[5],
sediado na cidade de São Paulo. Este Instituto tem se destacado por seu
trabalho como um dos mais atuantes na divulgação dos conceitos e comportamentos
considerados como éticos, ou ,que ainda sejam, dentro do possível desejáveis e
socialmente responsáveis dentro do meio empresarial brasileiro.
A discussão da ética é de extrema importância na
conduta e comportamento das organizações empresariais frente ao mercado ao
redor de todo o mundo. Trata-se da tentativa de estabelecer tipos de conduta
aquilo que não está devidamente estabelecido ou suficientemente claro e
corretamente exigido pela legislação vigente. Trata-se também de estabelecer
aquilo que pode ser considerado certo ou aquilo que pode ser considerado errado
nas ações que não se enquadram dentro da lei. Trata-se de buscar compreender e
traçar os princípios e determinar os padrões que irão servir de orientação para
o comportamento no mundo dos negócios[6].
REFERÊNCIAS:
SERAFIM, Maurício Custódio. A Ética No Espaço De Produção:
Contribuições da Economia de Comunhão. Florianópolis: Universidade
Federal de Santa Catarina, 2001;
TEODÓSIO, Armindo dos Santos de Sousa. Ética & Estratégia: Variáveis Centrais Numa Equação Complexa no
Campo Gerencial. Puebla,
México: XIII Congresso Latino Americano de Estratégia - Del Pensamiento a la Accion Estratégica
(SLADE), 2000, p. 55-58;
ZOBOLI, Elma Campos Pavoni. A
Ética nas Organizações. São Paulo: Instituto Ethos, Reflexão ano 2, nº
4, março 2001;
[1]
"(...) Desde a Antigüidade clássica, a
ética é objeto de reflexão e debate nos mais variados campos do conhecimento,
sendo a filosofia sua disciplina por excelência. Mas nem sempre essas
discussões chegam ao grande público, o que contribui para a confusão que gira
em torno da idéia da ética. Assim como a estética é percebida pelo senso comum
na máxima "gosto não se discute", a ética, da mesma maneira, é entendida
de uma forma estranha ao seu próprio conceito pela grande maioria das
pessoas". (SERAFIM, 2000:p 17)
[2]
Séculos XII a XV, principalmente (N.A.)
[3] Em
seu apogeu no século II de nossa Era, também o Império romano tinha a parte
principal de sua vida e existência centrada nas cidades e nas diversas
aglomerações urbanas.
[4] Chamados também, todos eles de “Managers”
(Gestores). (N.A.);
[5]
Maiores informações sobre a atuação do Instituto, bem como suas publicações
podem ser encontradas no site disponível no endereço ;
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